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Ribeirinhos e indígenas apostam em telemedicina para proteger a saúde e a floresta

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Mobilizadas contra o avanço da Covid-19, comunidades da Terra do Meio (PA) implementam nova tecnologia para garantir acesso à saúde e evitar deslocamentos para a cidade
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Em articulação pioneira na Terra do Meio, no Pará, ribeirinhos e indígenas vão ter acesso a saúde de qualidade sem sair de suas comunidades. Por meio da telemedicina, que combina tecnologia de comunicação, equipamentos e profissionais de saúde, consultas, exames e tratamentos serão realizados remotamente, a fim de evitar deslocamentos para a cidade e exposição ao novo coronavírus.

As Reservas Extrativistas (Resex) Rio Iriri, Rio Xingu e Riozinho do Anfrísio já contam com novos postos de saúde, pontos de internet e três técnicas em saúde. A iniciativa é fruto de uma parceria entre associações de moradores das Resex da Terra do Meio, ISA, Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA) e a organização norte-americana Health in Harmony, “Saúde em Harmonia” em tradução livre.

Na primeira etapa da iniciativa, ao menos 1.000 ribeirinhos que vivem em uma área de 1,5 milhões de hectares e 500 indígenas de dois territórios serão beneficiados diretamente.


Grandes distâncias separam as comunidades da Terra do Meio das cidades. A comunidade mais remota do município de Altamira fica a cerca de 500 km do centro urbano e, em algumas épocas do ano, quando o rio Xingu está seco, o deslocamento de barco pode levar até uma semana. Em casos mais graves a remoção só pode ser feita por via aérea.

“É um grande desafio viver hoje nesse cenário de pandemia. Se quem tem acesso amplo e mais rapidez para ter atendimento já passa pelo que passa, imagina a gente que fica nas Resex? É um desafio grande chegar até as comunidades. Com uma grande articulação de parceiros conseguimos nos organizar, tentando o combate ao coronavírus”, conta Francisco de Assis Porto de Oliveira, presidente Associação dos Moradores da Resex Rio Iriri (Amoreri)".

Com a nova tecnologia, os atendimentos podem ser agendados via internet, com o acompanhamento das técnicas de saúde e dos profissionais da UFPA.

Os médicos vão consultar pacientes, orientar os cuidados a distância e avaliar se o deslocamento para a cidade é necessário. Também foram montadas farmácias com insumos básicos para garantir o tratamento nas comunidades.

"A saúde e proteção dos territórios são direitos dos povos indígenas e das populações tradicionais, e a sua garantia extrapola o território das comunidades da Terra do Meio. A pandemia da Covid-19 e a emergência climática evidenciaram o que já sabíamos: não existe possibilidade de futuro sem a floresta e as populações que vivem nela”, aponta Biviany Rojas, coordenadora do programa Xingu do ISA.

“Os cuidados com a saúde ficam mais urgentes no contexto da pandemia”, comenta a dra. Kinari Webb, fundadora da Health in Harmony. “Aprendemos com as comunidades da Indonésia e Madagascar que os cuidados com a saúde são basilares para que continuem protegendo a floresta”.

O projeto espera garantir que os indígenas e beiradeiros, como são conhecidos os ribeirinhos que vivem nas beiras dos rios na Terra do Meio, fiquem em isolamento em suas comunidades. Altamira, município referência desta população, já contabiliza 112 mortes e 3,9 mil casos de Covid-19 confirmados, segundo boletim da Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa) divulgado ontem (7/9). Contabilizando os outros oito municípios da região, em queo tratamento é feito em Altamira, o número de óbitos sobe para 264 e o de casos para 10,6 mil.


Isabel Harari
ISA
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